terça-feira, 16 de setembro de 2008

Linguagem Fílmica na Educação.

Máscaras da bondade. Professora Rosane Vieira.

Uma resenha do filme, Quanto Vale ou é por Quilo?

Quanto Vale ou é por Quilo? Direção: Sérgio Bianchi. Roteiro: Eduardo benaim Nelton Canitto. Rio de Janeiro: Europa Filmes, 2005.
Sérgio Bianchi nasceu no Paraná em 24 de novembro de 1945. Estudou comunicação e arte na USP, onde foi aluno de grandes nomes do cinema nacional como Paulo Emílio Sales Gomes e Jean Claude-Bernadete. Foi assistente de direção de vários filmes, escreveu críticas de cinema para a folha de SP, realizou exposição de fotografia. Ao longo de sua carreira Bianchi dirigiu quatro curtas ( O ônibus, 1972; A segunda besta, 1977; Divina providência, 1983; Entojo,1984) e uma média metragem ( Mato eles?) que foram bem aceita pela crítica. Mas foram os longa metragens, Malditas coincidência (1979), Romance (1989) e a Causa secreta (1994) que caracterizaram o cineasta como polêmico e crítico da nossa sociedade vigente. Com seus filmes Sérgio Bianchi ganhou vários prêmios nacionais e internacionais como melhor diretor, melhor filme e melhor roteiro em festivais de cinema na Itália, México, Argentina, RJ, PR, SP, Brasília, Gramados e outros. Romance, Causa secreta e cronicamente inviável foram seus trabalhos mais premiados.
Quanto vale ou é por quilo traz cenas que geralmente fecham um significado, um sentido. Revela as mazelas e contradições de um país em constante crise de valores. Bianchi compara duas épocas: o século XVIII, com a expansão do comércio de escravos e a relação social entre senhores e escravos; e os tempos atuais com sua exclusão social, focando um comércio de gente explorado por empresas e ONGs. Em outras palavras, Bianchi faz uma analogia entre o antigo comércio de escravos e a exploração da miséria pelo marketing social. O filme fala da degradação do ser humano, como as pessoas com a máscara da bondade se aproveitam da miséria dos outros. Também é uma denúncia sobre a beneficência feita no Brasil. Bianchi se utiliza da ironia para relatar a situação social no Brasil e faz uma crítica à forma que o governo tenta resolver os problemas sociais.
O filme trata-se de um drama podendo ser visto como uma análise de alguns aspectos da sociedade brasileira a partir dos métodos dominadores e de alienação do rico sobre o pobre. Mostra o favor como um investimento retornável e a idéia da ONG como um grande negócio lucrativo.
Ele esta dividido em subtítulos e a montagem têm um significado realista e a justaposição de épocas diferentes, aparece a linguagem jornalística, narrativa, documentário e ficção. Usa muito primeiro plano e os atores atuam com muito profissionalismo. O cenário foi muito bem pensado, a iluminação adequada ao momento e ambiente e uma trilha sonora bem incorporada. Algumas cenas nos trazem significado amplo, sentido e remete muitos sentimentos.
Elenco: Ana Carbatti, Cláudia Mello, Herson Capri, Caco Ciocler, Ana Lúcia Torre, Sílvio Guindane, Myriam Pires, Lena Roque; Lázaro Ramos, Leona Cavalli, Umberto Magnani, Joana Fomm, Marcélia Cartaxo, Odelair Rodrigues, Ariclê Peres, Zezé Motta, Antônio Abujamra, Ênio Gonçalves, Calara Carvalho, Noemi Marinho, Caio Blat, José Rubens Chachá, Mílton Gonçalves (locução), Valéria Grillo (locução), Jorge Helal (locução).
O cineasta foi muito feliz quando teve a idéia de explorar o tema, mas bem que poderia ter falado mais um pouco sobre a educação das nossas crianças e jovens. Pois ele mostra muito bem a realidade em que vivemos hoje no Brasil, nos conduzindo ao passado que nos fazem ver um presente cruel fazendo-nos refletir bastante depois de ter assistido.
É um filme que indico para ser assistido em salas de aula, pois favorece a um grande desenvolvimento critico e reflexivo, possibilitando o aluno avaliar a sua existência, compreender o outro e se situar no mundo em que ele vai ser formado como sujeito protagonista da sua própria historia.